Conversamos com Emmanuele Rocca, sócio proprietário da Vinícola Angelo Rocca & Figli; uma de nossas vinícolas parceiras, sobre a localização de sua vinícola no território Pugliese, seus vinhos e sobre uma das produções mais emblemáticas da vinícola: Susumaniello Salento I.G.T. – Torri D’Oro.
Existem belos e riquíssimos terroirs ao redor de todo mundo. E até mesmo na Itália, cada região apresenta sua particularidade.
Emmanuele Rocca nos conta de forma simples, o porquê a Puglia e os vinhos originários dessa região são tão especiais e únicos. Em pouco tempo de uma conversa informal, descobrimos as belezas da região de Salento, o cultivo de uvas autóctones em vinhos de alta qualidade e a redescoberta da uva Susumaniello, que antes era usada apenas para dar volume aos vinhos da região, em um vinho varietal de corpo envolvente e intenso.
Popularmente conhecida como “Salto da bota”, a Puglia, é uma região muito extensa. Ocupa uma área de mais de 19.000 km² no sul da Itália.
Salento situa-se na parte sul da região da Puglia que inclui três províncias: a província de Taranto, a província de Brindisi, e a província de Lecce.
Leverano está localizada na província de Lecce a cerca de 10 km do Mar Jônico. E é o local onde residem as vinhas da vinícola Rocca.
Uma peculiaridade da região de Salento é que sendo a parte mais meridional no “salto da bota”, ela também se encontra rodeada por três mares: Adriático, o mar Jônico e o mar Mediterrâneo.
São três mares que olham para Salento mais dois ventos que sopram de norte a sul. Tramontana (vento fresco e frio do Norte) e o Scirocco (vento quente do Sul).
É evidente que estas condições climáticas são particularmente favoráveis para a produção de vinhos.
Eventos climáticos iguais a estes, são muito úteis para não deixar as uvas queimarem muito com o calor e para mantê-las ventiladas, sendo abrandadas pelos agentes atmosféricos.
Acima de tudo também porque a região não se depara com um clima definitivamente mediterrâneo. São invernos mais amenos entre 10°C e 15°C e verões escaldantes de 30°C chegando a 40°C, então, a função do vento é muito importante nessa região.
Nesse terroir, além da função do vento ser muito importante, temos também o solo que, em sua grande maioria é de calcário argiloso e algumas áreas também apresentam tufos calcáreos e minerais quando se aproxima do mar.
A área de Manduria em particular mostra uma terra um pouco mais vermelha comparada à de Salento onde o solo de calcário argiloso é predominantemente planícies e planaltos dos quais são pequenas colinas e montanhas, voltadas para o interior do continente. O solo calcário e argiloso certamente favorece a produção desses vinhos estruturados e encorpados como o Negroamaro, Primitivo e o Nero di Troia.
A vinícola Rocca possui 12,80 hectares de Negroamaro localizado em Leverano. Também 05 hectares em Copertino; que já começam a experimentar um manejo orgânico e nos próximos anos veremos quais serão os resultados.
Produzem 10,58 hectares de Primitivo em Leverano e em uma área vizinha, outros 5 hectares com a Negroamaro cultivada pelo primeiro ano de forma orgânica. Há parcelas menores de Nero di Troia: 3,63 hectares e Susumaniello: 3,15 hectares. Estas são as uvas autóctonas de sua produção.
A Susumaniello é uma uva redescoberta porque se trata de uma videira muito antiga que no passado era usada para dar volume às grandes produções.
O nome Susumaniello deriva de “somarello” (burro no dialeto pugliese), pois era uma uva que produzia tanto que um burro não era suficiente para carregar todas as uvas que se produzia na videira. Na época, caso fizessem um vinho varietal de Susumaniello, se produziria um vinho certamente parco e em enormes quantidades. E uma qualidade, digamos que modesta; discreta.
Nos últimos anos, com novas técnicas de cultivo, várias vinícolas entre as quais a Rocca está incluída, decidiram valorizar esta videira autóctone apostando na qualidade e também numa graduação ligeiramente mais alta.
Então foi diminuído o rendimento por hectare, selecionada uma vinha em particular para criar um produto de qualidade e o resultado se mostrou ótimo, tanto que foi produzido um vinho de 15.2°GL naturais.
Um produto muito interessante. Porque a este fruto muito evidente e intenso se caracteriza por uma fruta madura um pouco diferente do fruto da Primitivo.
A Susumaniello é um pouco mais picante por primazia. E foi decidido não deixar envelhecer em madeira, mas apenas em tanques de inox, pois, além de fruta madura, a Susumaniello também tem lindas notas de especiarias que compensam a fruta madura e equilibram mais o vinho.
Um vinho muito macio; onde você certamente não sente 15°GL ou pelo menos sente quando se bebe mais taças.
Perfeito em harmonizações com carne grelhada, caça, cordeiro ou queijos envelhecidos.
E Emmanuele Rocca, pessoalmente gosta de bebê-lo mesmo no verão deixando a uma temperatura um pouco mais fria, em torno de 12°C. “É um gosto meu, particular, pois é subjetivo; ou você gosta ou não gosta”, diz ele.
Então há dois anos a vinícola deciciu relançar esta autóctone que completa os magníficos tintos da Puglia: Negroamaro, Primitivo, Nero di Troia e agora Susumaniello.
E devemos dizer que outro ponto forte desta videira é que, por não se produzir muito, se torna exclusivo no mercado e Emmanuele Rocca já descreve que não pretende torná-lo um vinho comercial para manter este carácter de exclusividade neste belo vinho.
E após termos nos inebriado com toda essa descrição da Puglia e os encantos da uva Susumaniello, resta-nos abrir uma garrafa de Susumaniello Salento I.G.T. – Torri D’Oro e provar em nossa própria taça, as intensas maravilhas desse território que tem tanto para nos contar.
Texto Adaptado e Tradução: Paula Pavanelli