O poder da Puglia
Criada para suprir a necessidade de uma grande demanda de vinhos versáteis e elegantes para o mercado brasileiro, a vinícola Angelo Rocca & Figli juntamente com a L’Aretuseo Importadora; trazem a linha Bel Moro com exclusividade para o Brasil.
São dois rótulos que trazem uvas que são muito difundidas em toda a Itália, porém, cultivadas no terroir da Puglia. Um terroir rico que traz aromas e corpo típico dessa região, a esses dois vinhos.
Vamos agora conhecer um pouco da região e desses dois vinhos magníficos!
A PUGLIA
Puglia, também conhecida como Apúlia, em português, é uma região da Itália meridional com pouco mais de quatro milhões de habitantes e 19.345 km²; sua capital é Bari. Ocupa o calcanhar da bota. A Puglia faz fronteira com as regiões italianas de Molise, ao Norte, Campania, a Oeste, e Basilicata, a Sudoeste. Do outro lado do mar Jônico, para o Leste, encontra-se a Grécia e o Mar Adriático. As províncias que compõem a região de Puglia são Bari, Barletta-Andria-Trani, Brindisi, Foggia, Lecce e Taranto.
A Azienda Agricola Rocca, onde são produzidos nossos vinhos, fica na região de Salento. Conhecida popularmente como “o salto da bota”.
A Puglia é a região menos montanhosa da Itália, formada por planícies largas e colinas baixas. As únicas áreas montanhosas são o promontório do Gargano e as montanhas Dauni, as quais não ultrapassam os 1.150 metros e estão no Norte da região.
AS UVAS E OS VINHOS DA PUGLIA
Em termos de terroir, a Puglia tem uma gama impressionante de recursos naturais que auxiliam no cultivo das uvas. O solo da Puglia tem papel fundamental na qualidade dos vinhos: a composição de calcário reflete a luz solar, melhorando a exposição das videiras à luminosidade. Além disso, esse tipo de solo armazena o calor para o período noturno e facilita a penetração das raízes da planta na terra. Os solos são constituídos por uma camada fina de terre rosse, (terra vermelha), e possuem, geralmente, um substrato de calcário com afloramentos rochosos esparsos. A famosa tonalidade vermelha desses solos é derivada de uma intensa presença de óxidos de ferro, resultado de milhares de anos de erosão de rochas basálticas, de origem vulcânica. O clima do terroir é o clássico mediterrânico, com verões muito quentes e secos, invernos moderados e grande amplitude térmica, que tem influência benéfica sobre a qualidade das uvas. Em termos de pluviosidade, a região é muito seca, mas isso não é um problema, tendo em vista que as castas da Puglia foram muito bem escolhidas e estão completamente adaptadas às condições climáticas locais. Seu clima tipicamente mediterrâneo, a composição calcária de seu solo, muito sol e ventos marítimos ocasionais são ideais para o crescimento dos vinhedos. Sua topografia é também muito favorável, sendo em sua maior parte plana.
Essa região mediterrânea, graças a sua posição geográfica de proximidade com o Oriente Médio e o Norte da África, sofreu a influência de vários povos e culturas que cruzaram esse mar interior, tendo sido a grega a mais marcante. Essa Itália helenizada era conhecida como Magna Grécia e a influência da cultura grega do vinho sobre ela foi enorme. Quando os gregos estabeleceram ali suas colônias, referiam-se à península italiana como Enotria (Terra dos Vinhos). As regiões de Molise, Campânia, Basilicata, Calábria e Sicília, fazem parte dessa Itália helenizada, mas do ponto de vista vinícola é a Puglia a região mais importante, tanto pela enorme produção de seus vinhedos, quanto pelo destaque recente que seus vinhos vêm merecendo.
A área coberta por vinhedos atinge 190.000 ha e seu volume de produção só se iguala à do Vêneto e da Sicília, chegando a produzir cerca de 17% dos vinhos desse país, que é o maior produtor de vinhos do mundo, com 48,8 milhões de litros. Os outros grandes produtores são a França (41,9 milhões de litros), a Espanha (37,8 milhões de litros), os Estados Unidos (22,5 milhões de litros) e a Austrália (12,5 milhões de litros). Interessante observar que a China, país sem nenhum passado vitivinícola, já está em sexto lugar, frente a países tradicionais, como o Chile, África do Sul, Argentina, Alemanha e Portugal!
Na parte mais ao Norte da Puglia, próxima a San Severo, predominam as uvas Trebbiano e Sangiovese.
A Trebbiano é uma casta de uva branca, originária da Itália e cultivada na maior parte dos países. É considerada a uva mais produtiva do mundo, pois rende mais galões do que as demais uvas. Dentre todas as cepas plantadas na Itália, a Trebbiano é a branca mais cultivada! No Sudoeste da França essa uva é chamada de Ugni Blanc, mas tem, de fato, muitos outros nomes, como Albano, Saint Emilion, Lugana, Spoletino, White Hermitage, Thalia, Procanico... Além da Itália e da França, encontramos a Trebbiano na Argentina, na Austrália, em Portugal, nos Estados Unidos, no Brasil... Somente na Itália está autorizada para a produção de vinhos de mais de 80 denominações de origem. Nas videiras de Trebbiano; vigorosas e de alto rendimento, os cachos são cilíndricos e os bagos muito resistentes. E os vinhos produzidos à base de Trebbiano são extremamente refrescantes, secos ou demi secos e com alta acidez. Seus aromas mais comuns são cítricos e de amêndoas, com notas florais e um fundo herbáceo. Em cortes, a parceria mais comum para a Trebbiano é a Malvasia, que acrescenta perfume à Trebbiano, em vinhos como o Frascati. A harmonização de vinhos da uva Trebbiano é fácil e ampla. Esse vinho é uma ótima companhia para aperitivos, massas aromatizadas, aves, frutos do mar e peixes. A temperatura ideal de serviço é de 8°C. A uva Trebbiano também é utilizada na produção de Armagnac, Cognac e vinagre balsâmico.
A Sangiovese ocupa 10% dos vinhedos italianos e é uma das cepas mais importantes do país. É praticamente um sinônimo dos vinhos tintos da Toscana e está presente em alguns dos vinhos italianos mais famosos, como o Chianti e o Chianti Clássico, o Brunello di Montalcino, o Vino Nobile di Montepulciano, o Rosso di Montepulciano, o Morellino di Scansano e o Montefalco Rosso. Fora da Itália é plantada em pouquíssima quantidade. Cerca de 90% de suas videiras estão na península italiana. Não é fácil encontrar bons resultados no cultivo da Sangiovese, e na produção de bons vinhos com essa cepa, em outros locais. Uma exceção que merece destaque é a Córsega, mas é possível encontrar também alguns bons vinhos produzidos na Califórnia, na Austrália, na Romênia, no Chile, na Argentina, no Brasil e, até mesmo, no Uruguai.
Assim como a Pinot Noir, a Sangiovese é uma cepa camaleão, muito influenciável pelo terroir. Dessa forma, tem inúmeros clones (todos de amadurecimento tardio) e, em consequência disso, acaba sendo conhecida por muitos nomes diferentes, como Sangioveto, Nielluccio, Nerino, Brunello, Morellino... As uvas Sangiovese cultivadas na região de Chianti apresentam, na maioria das vezes, bagos pequenos e pele fina, enquanto as de Brunello di Montalcino apresentam tamanho maior e casca mais grossa. E, mesmo que essas diferenças sejam sutis, podem produzir resultados muito diferentes. Normalmente, as uvas Sangiovese produzem vinhos tintos de corpo médio, com estrutura tânica que vai de média a forte. Mas é também utilizada para produzir espumantes, rosés, tintos leves ou encorpados, passando, inclusive, por vinhos de sobremesa. Alguns exemplares encorpados, como os Brunello di Montalcino, são vinhos tão estruturados que envelhecem maravilhosamente bem em garrafa. Um vinho Sangiovese de boa qualidade é notoriamente um vinho de elevada acidez, taninos firmes, muito equilibrado e com final elegante. Os sabores mais marcantes costumam ser cerejas, ameixas e morangos, mas há um caráter também herbáceo e rústico, muitas vezes associado a esses vinhos.
Os vinhos produzidos com Sangiovese harmonizam bem com sabores de frango, carne de porco e de cordeiro; e são grandes acompanhantes para as massas e pizzas italianas, em geral.
Os vinhos produzidos a partir dessas duas variedades de uvas (Trebbiano e Sangiovese) correspondem a 30% dos vinhos D.O.C. produzidos na região da Puglia.
Conheça nossos rótulos!!
Sangiovese Puglia I.G.T. – Bel Moro. Um vinho de coloração vermelha intensa, com um bouquet aromático característico que lembra cereja, de corpo médio, muito macio e frutado com uma acidez bem pronunciada. Harmoniza perfeitamente com para pizza, massas, frios e carnes grelhadas.
Trebbiano Puglia I.G.T. – Bel Moro. Um vinho de cor amarelo palha, que possui um bouquet aromático delicado e frutado. Extremamente refrescante! Sendo ideal para pratos delicados, peixe, carnes brancas e saladas.
Texto adaptado: Paula Pavanelli
Arte: João Victor Ângelo